“A sede está vacante, mas a igreja segue viva.”

“Vós deveis fazer como Eu fiz”

Na Quinta-feira Santa, celebramos um dos gestos mais comoventes do Evangelho: Jesus se abaixa para lavar os pés dos seus discípulos. Um gesto de amor, de serviço e de entrega. E, diante da surpresa de Pedro, o Mestre é claro: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8). Pedro, que seria o primeiro Papa, é convidado a compreender que a autoridade no Reino de Deus nasce da humildade.

Quatro dias atrás, vivemos esse mistério de forma profunda na Missa da Ceia do Senhor. Diante de nós estavam quatro padres que marcaram e marcam a vida de nossa paróquia: Monsenhor Adwalter, prestes a contemplar seus 60 anos de ordenação e com uma história belíssima de doação por nossa paróquia; Padre Celso, nosso pároco; Padre Paulino, nosso vigário e exemplo de entrega constante ; e Padre Vitor, em seu primeiro ano de ministério. Todos reunidos em torno do nosso bispo auxiliar, Dom Andherson Franklin, que lavava os pés dos fiéis.

Foi impossível não enxergar ali a beleza da sucessão apostólica. Como uma chama que vai sendo passada de geração em geração. Dos apóstolos aos bispos. Dos bispos aos presbíteros. E de todos eles a nós, povo de Deus. O mesmo gesto que Jesus fez naquela noite continua acontecendo — não como uma encenação, mas como vida, como missão, como entrega. Ver os nossos padres contemplando essa cena foi como ver os apóstolos na última ceia.

E nesta segunda-feira, dentro da Oitava da Páscoa, recebemos com tristeza e fé a notícia do falecimento do Papa Francisco. O sucessor de Pedro, aquele que carregou sobre os ombros o peso e a beleza de ser o pastor de toda a Igreja. Francisco foi, como Jesus, alguém que se abaixou. Que lavou os pés dos pobres com gestos concretos. Que nos ensinou que o verdadeiro poder é o serviço.

A imagem do nosso bispo lavando os pés dos fiéis, cercado por seus padres, ganhou ainda mais sentido à luz dessa notícia. A Igreja segue viva. A sucessão apostólica continua. Pedro nunca caminha sozinho!

E agora, enquanto rezamos pela alma do nosso Papa, seguimos confiantes no Ressuscitado, certos de que Ele nunca abandona a sua Igreja. E que continuará a chamar homens dispostos a lavar os pés do mundo. Que possamos rezar pelo trono de Pedro!

Texto escrito por Pedro Henrique Sarkis