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As Tentações de Jesus e as Nossas Tentações


A cada ano, no primeiro domingo da Quaresma, a Igreja nos convida a refletir o episódio das tentações de Jesus. A proposta da liturgia é nos fazer entender o sentido desta passagem da vida de Cristo e como ela se apresenta, também, na nossa vida. Lucas, que nos acompanha no ano C,apresenta detalhes destas tentações, mostrando-nos como Jesus resistiu e como também nós podemos e devemos resistir aos impulsos do pecado.

A narrativa das tentações de Jesus, é apresentada logo após o seu batismo. Isso nos mostra que todo cristão batizado deverá enfrentar muitas tentações ao longo da vida e que as superar é a missão e o caminho para a salvação. Em uma das orações do rito do Batismo de Crianças, clamamos assim: “Ó Deus Pai, Senhor da vida...Lembrai-vos dessas crianças, que deverão enfrentar muitas vezes as tentações do mal. Libertai-as do poder das trevas. Dai-lhes a força de Cristo e a Luz do vosso Espírito…”. No batismo, portanto, recebemos a missão de testemunhar o Amor de Deus no mundo e também a força do Espírito Santo para superar todas as tentações da vida. Vejamos, então, um pequeno resumo das três tentações apresentadas por Lucas nesse Domingo:

1ª Tentação: “Se és filho de Deus, mande que esta pedra se mude empão” (Lc 4, 3)

Jesus é tentado a usar os seus poderes (e ele tinha todos) para se livrar das dificuldades, em seu próprio benefício. Ele se fez humano em tudo, menos no pecado. E neste episódio, como homem, Ele nos diz que os dons e os bens que recebemos são graça de Deus e não devem ser usados somente para satisfazer as nossas necessidades e desejos pessoais. Devem sim, ser colocados a serviço dos irmãos e irmãs.

2ª Tentação: “Eu te darei todo esse poder e toda a sua glória” (Lc 4, 6)

Apesar de parecer exagerada, esta tentação nos mostra o pensamento do mundo que valoriza o dinheiro, o poder e a dominação. Ao contrário da lógica das bem-aventuranças, a sociedade atual nos convida sempre à competição impiedosa e sem nenhum respeito ou solidariedade para com os outros. Essa é a lógica das guerras, em especial essa que vivenciamos hoje: vencer por vencer, dominar por dominar. Há imposição da força, sem nenhuma preocupação com a vida ou com os sentimentos dos outros.

Quem é rico em conhecimento e poder, tem sempre dois caminhos a seguir: humilhar os outros com aquilo que possui ou colaborar com o crescimento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades. Todos nós, em maior ou menor escala, somos detentores de algum poder e somos tentados a usá-lo de forma egoísta. Jesus nos convida a resistir também a esta tentação.

3ª Tentação: “Atira-te daqui abaixo...Deus ordenará aos seus anjos...que te guardem com cuidado” (Lc 4, 9-10)

O mal se apresenta a nós, muitas vezes, servindo-se da Palavra de Deus, interpretando-a de maneira deturpada para nos desviar do caminho, levando-nos, por vezes, ao absurdo de duvidar da fidelidade de Deus.Jesus nos diz que não devemos exigir nenhuma prova do amor de Deus. A nossa existência já é essa prova. Cristo foi fiel à missão recebida do Pai até a morte de cruz. Assim voltou para a glória de Deus, abrindo a mesma possibilidade a todos os seus seguidores. Para isso, somos chamados a resistir às tentações do mundo, vivendo as bem-aventuranças e o amor aos irmãos.

Que o Espírito Santo nos guie nesse tempo quaresmal, para que, vivendo na oração, no jejum e na caridade, possamos resistir a todas as tentações que nos são apresentadas todos os dias. Que essa Quaresma seja um tempo de graça e de santificação para todos nós.

Paz e Bem!

Diácono Miguel Pedrini

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